Três vezes nós
- Jhenifer Souza
- 13 de mar. de 2019
- 3 min de leitura

Eu gosto muito dessa ideia de inúmeras possibilidades, seja com qualquer tipo de história... e nesta, não foi diferente. O livro me lembrou até um pouco de Um dia, do David Nicholls, que conta a história de um casal durante vários anos sempre no dia 15/07, mostra como eles estão, o que estão fazendo nesse dia e tudo mais. Parando para analisar, a narrativa não tem nada ver, mas em alguns momentos eu me lembrava do livro de Nicholls. Aviso que essa resenha contém spoiler. Enfim, em Três vezes nós, conhecemos Eva e Jim durante o período em que estão na faculdade. O livro possui três versões diferentes da vida deles. Na primeira versão, eles se conhecem e já ficam juntos rapidamente e dá tudo certo a princípio. Na segunda versão, eles nem chegam a se falar, tomam outros rumos e somente anos depois passam a se conhecer. Na terceira versão, eles ficam juntos de imediato, porém Eva descobre que está grávida de seu namorado, David, e por conta disso, termina com Jim e escolhe ficar com o pai do filho que espera. Então, temos três realidades (e meio que três fases também) para este romance. Em uma, eles ficam juntos desde o começo, na segunda eles ficam juntos a partir do “meio” da vida, quando já tem seus filhos maiores e na terceira, ficam juntos somente na terceira idade e aproveitam o fim da vida juntos. Parece que na versão em que gostamos de Jim logo de cara e que já ficamos felizes por eles juntos, é a que menos deu certo, no fim das contas. O fato de terem que lutar um pelo outro (o que ocorreu na segunda versão, mas principalmente na terceira), foi o que deixou essas possibilidades ainda mais interessantes. Eva é uma personagem muito maravilhosa, possui um talento incrível para escrever e Jim é um pintor (herança de seu pai) e aprendemos muito com ambos durante a leitura. A autora tem uma escrita linda, muito sensível, no começo demorei a me conectar com a história, mas depois que me familiarizei com as versões, fluiu bastante. Gostei muito da ideia da editora de deixar um espaço ao fim do livro para anotações sobre o que acontece em cada versão para não confundir, pois o começo é bem doido mesmo rs.
"Às vezes, ele fantasiava, pensando que, no fim da vida, iria assistir a um filme amador mostrando todas as estradas que não havia trilhado e os destinos aos quais elas levavam." "Você e eu fazendo história. Isso somos nós." "Talvez isto seja a coisa mais próxima da perfeição. Aqui, agora, não há absolutamente nada que eu quero que mude." "Ele herdou do pai um ódio mortal pela imprecisão, tanto na linguagem quanto na arte." "Devia ter ido atrás dela. Devia ter abraçado Eva contra si até que ela compreendesse." "Não havia passado pela experiência inenarrável de olhar para um rosto recém-formado e entender que a criança sabe tudo que é preciso saber sobre os grandes mistérios da vida, mas se esquecerá deles rapidamente e terá de aprender tudo de novo." "Ele fica ali inundado por uma alegria estonteante; e a saboreia, a ingere, porque já tem idade suficiente para saber exatamente o que é a felicidade - breve e efêmera, não um estado constante a se buscar, para tentar viver constantemente; mas sim para agarrá-la quando ela surge, e segurar-se a ela o máximo de tempo que puder."
"A pintura retrata as muitas escolhas que não foram feitas, as muitas vidas que não foram vividas. Ele a chamou de Três vezes nós." "Com você, posso enfrentar qualquer coisa." "E jurou fazer com que seu amor durasse uma vida inteira, e mais." "Estamos sozinhos quando chegamos ao mundo e sozinhos quando o deixamos." "Eu amei você. E olha quantas coisas surgiram desse amor."
Jhenifer Souza
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