O ódio que você semeia
- Jhenifer Souza
- 18 de mai. de 2021
- 3 min de leitura

"Algo pelo qual viver, algo pelo qual morrer."
Desde que comprei este livro, eu tinha muitas expectativas pra leitura, pois ele foi o melhor do ano (2017 ou 2018) de muitos booktubers que acompanho. E, é claro que eu não poderia estar mais de acordo com eles, a Angie Thomas trouxe uma coisa extremamente preciosa e necessária nesse enredo. Starr com seus 16 anos nos ensina muuuito (muito, muito, muito) e sua família então, nem se fala. Inclusive, que família 💜 e que pai maravilhoso que essas crianças têm. Maverick se tornou um dos pais e personagens favoritos de todos que já li.
Outra coisa que me encantou muito nessa narrativa é a importância que os moradores desse bairro dão em fazer parte de uma comunidade, me lembrou muito a série Luke Cage. É todo mundo unido, lindo mesmo de ver.
A injustiça que acontece nessa história é inenarrável, para quem ainda não conhece, um dos melhores amigos da protagonista, Starr, é morto por um policial sem ter feito absolutamente nada. Após a sua morte, é feito de tudo para que a vítima se torne alguém que provocou esse fim e o assassino se torne a vítima. É tudo absurdo demais, mas infelizmente muito real (vimos mais de uma vez acontecendo neste ano mesmo).
Os personagens falam muito também sobre como, às vezes, entrar no mundo do crime é a única alternativa que as pessoas sem qualquer privilégio têm.
O basquete é muito presente, assim como as discussões sobre pertencimento, muito relevantes, por sinal.
O livro me impactou bastante, me indignou, mas também me ensinou muito.
Por favor, leiam.
"Mas é engraçado como funciona com os adolescentes brancos. É maneiro ser negro até ser difícil ser negro."
"Ela parecia estar com medo. Tínhamos 10 anos, não sabíamos o que acontecia depois da morte. Ainda não sei, e ela foi forçada a descobrir, mesmo não querendo."
"Já vi acontecer um monte de vezes: uma pessoa negra é morta por ser negra e o mundo vira um inferno. Já usei hashtags de luto no Twitter, repostei fotos no Tumblr e assinei todos os abaixo-assinados que vi por aí. Eu sempre disse que, se visse acontecer com alguém, minha voz seria a mais alta e garantiria que o mundo soubesse o que aconteceu. Agora, sou essa pessoa, e estou morrendo de medo de falar." "Espero que nenhuma delas me pergunte sobre as minhas férias. Elas foram para Taipei, para as Bahamas, para o parque do Harry Potter. Eu fiquei no meu bairro e vi um policial matar meu amigo." "Chris e eu fomos longe o suficiente para eu já ter reparado em todos os detalhes do corpo dele. As narinas lindinhas que se dilatam quando ele suspira. O cabelo castanho macio que meus dedos adoram explorar. Os lábios delicados e a língua que os umedece com frequência. As cinco sardas no pescoço que ficam em lugares perfeitos para beijar. Mais do que isso, eu me lembro do cara que passa quase todas as noites no telefone comigo falando sobre nada e tudo. O que ama me fazer sorrir. É, ele me irrita às vezes, e eu tenho certeza de que o irrito, mas significamos alguma coisa um para o outro." "Quando se vê o quanto uma pessoa está fragilizada, é o mesmo que vê-la nua, e não tem como olhar para ela do mesmo jeito. Gosto do jeito como ele me olha agora, como se eu fosse uma das melhores coisas da vida dele. Ele é uma das melhores da minha." "Traficante. É assim que elas o veem agora. Não importa que ele seja suspeito de tráfico. "Traficante" fala mais alto do que "suspeito" pode falar." "Funerais não são para gente morta. São para os vivos. Duvido que Khalil se importe com as músicas cantadas ou com o que o pastor diz sobre ele. Ele está em um caixão. Nada pode mudar isso." "Se você não se colocar na posição dele, não o julgue. É mais fácil cair nessa vida do que sair dela, principalmente em uma situação como a dele." "As pessoas agem como se eu fosse a representante oficial da raça negra e me devessem uma explicação. Mas acho que entendo. Se eu ficar de fora de um protesto, é uma declaração, mas se eles ficarem de fora de um protesto, vão parecer racistas." "Eu queria que pessoas como eles parassem de pensar que gente como eu precisa ser salva." "Ele era mais do que qualquer decisão ruim que tomou." "Eles tentam descobrir mais sobre a pessoa que morreu do que sobre a pessoa que matou." "Ter coragem não quer dizer que você não esteja com medo, Starr. Quer dizer que você segue em frente apesar de estar com medo. E você está fazendo isso."
Jhenifer Souza
Comments