O canto mais escuro da floresta

O canto mais escuro da floresta era um livro que eu tinha vontade de ler há muito tempo e fiquei feliz quando ele ganhou a votação pra leitura coletiva dos apoiadores do resenhando sonhos.

O único contato que tive com a Holly Black antes desse livro foi em O presente do meu grande amor que traz vários contos de diversos autores, não gostei muito do conto dela, mas deste romance aqui gostei bastante.

Infelizmente o peguei quando estava passando por uma ressaca literária gigantesca e demorei um pouco para terminá-lo, apesar de ser um livro curto, mas gostei muito dos personagens, Hazel e Ben, principalmente, e da maioria dos outros também.

A história já começa super interessante, nos apresenta a cidade Fairfold, onde humanos e fadas convivem, e o cotidiano dos moradores. Hazel e Ben são irmãos e possuem muitas ligações com o mundo das fadas, principalmente Hazel que desde criança luta contra eles para proteger a cidade. Já Ben possui o dom da música e a ajuda com essas "armas" que possui.

Gosto muito de ler sobre relações de irmãos, vocês sabem, e é bem curiosa a forma com que a autora trabalha com eles aqui. Enquanto Hazel é toda guerreira, briguenta, independente, Ben é mais sensível e amoroso. Um sempre protege o outro e se for preciso, até mentem para que essa proteção permaneça.

Jack é o melhor amigo do Ben e veio do mundo das fadas quando era apenas um bebê, ele é muito importante pra história também, adorei acompanhá-lo. E toda a narrativa do garoto de chifres amaldiçoado se mostrou extremamente estimulante pra compor toda a história.

Ainda não li a trilogia O povo do ar, mas estou muito interessada e disseram que dois personagens dessa história aparecem na trilogia. Quero muito!

"A magia era ao mesmo tempo pergunta e resposta."

"Hazel beijava garotos por razões variadas - porque eram bonitinhos, porque estava meio bêbada, porque estava entediada, porque eles deixavam, porque era divertido, porque eles pareciam solitários, porque isso acalmava temporariamente seus medos, porque não sabia quantos beijos ainda lhe restavam." "Jack - a paixão de Hazel em seus anos mais jovens e tolos - pareceu surpreso quando ela apareceu, o que era estranho, porque ele raramente se deixava pegar desprevenido. Como a mãe dele dissera um dia, Jack era capaz de ouvir o trovão antes de o relâmpago pensar em cair." "Era preciso respeitar o Povo, e não ter medo deles. Os turistas tinham medo. Era preciso manter distância do Povo e andar protegido. Os turistas não tinham medo o suficiente." "Ele não disse mais nada, mas olhou várias vezes para ela, como se estivesse tentando perceber alguma coisa na expressão da irmã, como se esperasse descobrir algo que nunca tivesse pensado em procurar antes." "A última coisa da qual preciso é mais um fingimento. Não queria agir como se eu não tivesse sentimentos por você, uma vez que eu tenho." "É que Hazel é tão... As pessoas gostam da Hazel. Os garotos gostam dela. Hazel passa pela vida como se nada importasse, como se ninguém pudesse alcançá-la, como se tivesse um objetivo maior e melhor e mais importante, algo que ela não vai revelar. Isso enlouquece as pessoas. As enfeitiça." "Ben a estava guiando através da tempestade de dor. Ele cantava a raiva e o desespero. Ele cantava a terrível solidão, porque não havia maneira de desligar um sofrimento, de deixá-lo de lado ou lutar contra ele. A única forma de acabar com a tristeza era passando por ela." "Eu te amo. Eu te amo como nos livros de histórias. Eu te amo como nas baladas. Eu te amo como um raio. Eu te amei desde o terceiro mês em que você foi e falou comigo. Eu te amei porque você me dava vontade de rir. Eu te amei porque você era gentil e por causa do jeito que você fazia pausas quando falava, como se estivesse me esperando responder." "Ela se inclinou sobre a cama e o abraçou com toda a força que tinha, abraçou-o até seus ossos doerem. Mas, não importa o quão apertado fosse, Hazel sabia que nunca seria o suficiente."

Jhenifer Souza