Depois que tudo acabou
- Jhenifer Souza
- 2 de jun. de 2021
- 3 min de leitura

Esse foi um dos livros mais difíceis que li nos últimos tempos, também foi o que li mais rápido, pois a cada página eu ficava mais angustiada. Acho que essa é a palavra que define o que senti ao longo de quase toda a leitura: angústia. Parecia que nada ia dar certo pra protagonista, é desgraça atrás de desgraça e eu ficava muito ávida pra saber se as coisas dariam certo em algum momento pra ela, afinal.
Essa história fala principalmente sobre perdas, como é possível ressignificar tudo e uma coisa que a autora abordou que achei muito interessante foi como passamos a conhecer um outro lado de alguém após sua morte.
A relação da Jersey com sua irmã, Marin, foi uma das coisas mais lindas na narrativa, todos os fatos sobre a Marin que a Jersey apontou/desenhou foram realmente emocionantes.
Da autora, já li A Lista do Ódio (que amei, foi um dos meus favoritos de 2017) e tenho muita vontade de ler Amor Amargo.
Sinopse:
Jersey Cameron sempre amou dias de tempestade.
Assistir ao vento aumentar e às nuvens se aproximarem. Perceber a eletricidade no ar. Dançar com os pés descalços na chuva. Onde mora, o clima é sempre incerto, e ela sabe o que fazer em casos de emergência. Mas nunca poderia ter se preparado para o que estava por vir.
Quando sua cidade é devastada por um tornado, Jersey perde tudo. Enquanto luta para superar a dor, é enviada para morar com parentes que mal conhece, e é em meio a novos desafios em um lugar desconhecido que a garota vai descobrir que, mesmo nos dias mais escuros, há certas coisas que nada é capaz de destruir.
"A chuva ficou entre nós. Não sabia o que dizer para ele sobre o homem dilacerado ou sobre vomitar. Não sabia o que ele queria de mim. Nossa amizade sempre se baseou em jogar beisebol ou pega-pega, ou em construir cabaninhas e andar de bicicleta. Não conversávamos sobre vomitar, chorar ou sentir medo."
"Alguns contavam histórias, e todas elas eram semelhantes - a casa desmoronou, o vento as puxou, alguma coisa as atingiu, os lares se foram, os carros se foram, as ruas se foram. A vida, como a conhecíamos, se foi."
"Percebi que a pior parte de perder alguém que você ama de repente não é não conseguir dizer adeus. É a dúvida se eles sabiam o quanto você os amava. De que você fez e disse coisas boas o suficiente para compensar as coisas ruins. É a certeza de que não há segundas chances, não há volta, e não haverá outras oportunidades de dizer a eles como você se sente."
"Mas isso seria suficiente? Porque, no momento, eu sentia como se nunca fosse ser o suficiente. As pessoas precisam de mais do que um lugar para ficar, mais do que uma varanda para dormir. Precisam de um lar, certo? Precisam de amor."
"Agora era tudo por minha conta, e esse era, ao mesmo tempo, um pensamento empoderador e assustador pra caramba."
"Tenho pensado muito sobre a palavra "tudo". Sempre que alguma tragédia acontece, ouvimos as pessoas dizerem que "perderam tudo". Elas podem ter perdido a casa, o carro ou outros pertences, e para elas parece "tudo". Mas elas não têm ideia do que é realmente perder tudo. Eu pensei que soubesse, mas agora vejo que mesmo eu não perdi tudo, porque ainda tenho esse maiô de bolinhas na memória. Ainda tenho aquelas noites de sorvete, as pranchas de snowboard, o escorpião que assustou a Marin, o moletom dos Buldogues, o esmalte de cor azul-ovo-de-tordo. De certa forma, ter essas coisas faz com que as outras importem menos.
Fico pensando se é possível perder "tudo" ou se precisamos apenas continuar redefinindo o significado de "tudo". Acho que essa é apenas a minha maneira de dizer que você não precisa se preocupar comigo, porque não vou desistir. Vou continuar redefinindo "tudo" pelo tempo que for preciso, porque tenho certeza de que essa é a melhor maneira de continuar quando sentimos que perdemos tudo."
Jhenifer Souza
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