Adivinha quem não voltou pra casa?

Adivinha quem não voltou pra casa? (disponível no kindle unlimited) conta a história do Murilo que, ao chegar de uma noitada em casa, descobre que sua mãe saiu na noite anterior e ainda não voltou pra casa. Ele e sua irmã, Melissa, saem à procura dela.

A história se passa em São Paulo, mais especificamente na zona leste, e foi muito legal vê-los passar por lugares que conheço e frequento.

A narrativa se divide em quatro pontos de vista para nos dar todos os lados da história e, mesmo com poucas páginas, o autor conseguiu nos passar diversas mensagens com ela. Uma delas é que as mães geralmente são vistas apenas como isso, mães, mas elas possuem diversas outras vertentes e necessidades também. Acho que é necessário parar de colocá-las em um pedestal (o problema não é esse, mas achar que elas se resumem apenas a isso).

O conto mantém um suspense muito bom de onde que a mãe deles está e ainda assim consegue nos divertir com algumas sacadas dos personagens. É uma leitura bem rápida e prazerosa.

Recomendo.

"E o medo é o maior combustível para pessoas medrosas fazerem coisas ruins, como gritar com seu irmão dentro do carro de um desconhecido ou culpar os indígenas pelo desmatamento da Amazônia."

"O que era o sexo fora do casamento em comparação à lavagem de dinheiro, as mentiras e as ofensas verbais e físicas de alguns dos demais cristãos a todos aqueles que ousavam ser diferente do conservadorismo imposto pela ignorância?"

"Os filhos nunca são nossos por muito tempo, eles pertencem ao mundo. Chega uma hora que a gente precisa deixar eles irem."

"Ele sempre pregou que era melhor falar sobre os sentimentos antes de se deixar ser consumido por eles, porém, ele mesmo raramente deixava os seus transparecer."

"Se você não sabe pra onde tá indo, então qualquer lugar serve."

"Em uma noite, Mônica fez mais por si mesma do que em dez anos, e aquela era uma sensação da qual não estava disposta a abrir mão novamente. Nunca mais."

"Não existe meio de passar por esta terra sem errar, sem causar dor ou incômodo em algum nível às pessoas ao nosso redor, por mais que se tente. O que podemos fazer é aceitar as coisas que não podem ser mudadas e trabalhar naquilo que pode ser melhorado, como reconhecer os próprios erros e pedir perdão."

Jhenifer Souza