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Achados e perdidos

  • Foto do escritor: Jhenifer Souza
    Jhenifer Souza
  • 18 de out. de 2019
  • 3 min de leitura

Vi esse livro em várias bienais e sempre me interessei por ele por causa da capa linda, do nome interessante e pq o nome da autora é igual a de uma das minhas personagens favoritas de One Tree Hill, no entanto eu nem sabia do que se tratava e a forma com a qual ele iria me tocar. Millie é uma garotinha de sete anos muito peculiar que questiona a morte e procura entendê-la. Ela quer saber, principalmente, por que as Coisas Morrem, para onde vão e por que não há velórios para tudo e qualquer coisa que morre. Ela possui um caderno onde marca todas as coisas que viu morrer (pessoas, insetos etc) e quando perde seu pai, também marca. A autora acredita que o luto pode ser menos pesado se alguém puder escutar você falar a respeito. O livro trata sobre a velhice, o luto, abandono, o casamento ao longo dos anos (muitos anos, tipo uns 40). Os personagens que acompanham a Millie nessa jornada são interessantíssimos também. Estou muito feliz por ter dado chance a esse livro que eu não sabia nada a respeito, nem conhecia alguém que o tivesse lido, pois é incrível e me emocionou em diversos momentos. Tem no Kindle Unlimited. "Todo mundo sabe tudo sobre o nascimento, mas ninguém sabe nada sobre a morte." "Ele se lembrava, todas as manhãs, que ela tinha morrido. Acordava e sentia o choque da lembrança. Não queria mais dormir; porque não queria esquecer, pois relembrar era o mais difícil. Era tão físico." "No mundo da pontuação, ele podia bem ser um hífen — flutuando entre uma coisa e outra, não exatamente necessário." "Quando foi que parei de fazer coisas e em vez disso comecei a me lembrar delas?" "Parece estranho alguém querer se encontrar. Não seria mais lógico querer encontrar outra pessoa? Você não é a única coisa que é certeza nesse mundo?"

"Talvez, quando você desse seu último suspiro, soltasse tudo, suas lembranças, seus pensamentos, coisas que desejou um dia dizer e coisas que gostaria de não ter dito, as imagens de fumaça de café quente da sua mente, o último olhar no rosto do seu pai, a sensação da lama entre os dedos, o vento quando você desce um morro correndo, a cor de todas as coisas, para sempre." "A única coisa que eu sei com certeza é que ninguém sabe o que acontece no fundo do mar, nem no nosso cérebro, nem quando a gente morre. E tudo bem, eu acho. Não tem problema. Dá alguma coisa pra gente pensar." "Será que Errol um dia desconfiou de que sua vida se transformaria em um simples hífen numa lápide? Que tudo o que ele fez, toda a comida que comeu, todas as suas viagens de carro, os beijos que deu terminariam num traço gravado numa pedra? Num cemitério cheio de estranhos?" "Todos sabem que todo mundo tem uma cara de choro, do mesmo modo como todo mundo tem uma cara de orgasmo, mas ambas pertencem à Lista de Caras Que Ninguém Vê." "Ele viu a Cara de Choro de Evie. Sua Cara de Orgasmo. Sua Cara de Medo. Sua Cara de Morte. Então aquilo era o amor? Quando você parava de fingir? Quando você era capaz de dizer a outra pessoa Eu me masturbo. Eu choro. Eu sinto medo. Eu morro?" "O mundo é difícil demais para Millie, e ele não sabe como dizer isso a ela. Quer prendê-la às costas e mostrar-lhe coisas lindas. Quer andar ao seu lado enquanto ela caminha se equilibrando nos muros, e quer mostrar como existe música em tudo, que é só ela fechar os olhos e ver as notas em seu cérebro, e como é bom colocar de volta na estante um livro que você acabou de ler, e as palavras, ele quer mostrar lindas palavras para ela, quer mostrar quanta beleza pode existir numa página. Quer lhe mostrar tudo o que é bom, e não quer que ela nunca, jamais, veja nada de ruim."



Jhenifer Souza

 
 
 

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