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A longa viagem a um pequeno planeta hostil

  • Foto do escritor: Jhenifer Souza
    Jhenifer Souza
  • 6 de jun. de 2019
  • 4 min de leitura

Eu não sei nem por onde começar a falar desse livro maravilhoso... Publicado pela DarkSide em 2017 e escrito pela Becky Chambers (que mulher!), conta a história da nave espacial, Andarilha, e seus nove tripulantes. O título do livro é bem explicativo sobre o que se trata o enredo, eles precisam fazer uma longa viagem na Andarilha. Não é um livro que tem um SUPER plot, pois ele nos fala mais sobre os personagens e de onde eles vêm. Começa apresentando a Rosemary, uma humana que acaba de chegar a bordo e passa a conhecer os companheiros de trabalho e seus costumes. A princípio, parece que ela será a protagonista do livro, mas depois vemos que tem o ponto de vista de quase todos os outros personagens, alguns que, assim como ela, são humanos, mas também alguns de outras espécies. Conhecemos o capitão da nave, Ashby, Sissix, Jenks, Kizzy, o Dr. Chefe que, como o nome já diz, é o médico e cozinheiro da nave, Lovey que é a inteligência artificial, Corbin e Ohan. Aprendemos sobre as diversas culturas junto com Rosemary que é nova e sabe pouco sobre essas outras espécies. O Dr. Chefe, por exemplo, é um ser que nasceu do sexo feminino, procriou e quando chegou numa idade que não podia ter mais filhos, passou a ser do sexo masculino e na terceira idade, será de um sexo neutro (eu achei isso tão interessante). Já Ohan, são de uma espécie que quando chega a certa idade, pega uma doença grave que o transforma em um par, então sempre se refere a eles no plural. Toda a construção de mundo é bem explorada, as amizades nos proporcionam momentos lindos e tudo o que os protagonistas vão fazer se torna tão agradável e fantástico e isso acontece, principalmente, por conta da construção de personagem que a autora faz de forma sublime. Becky aborda muito a questão do preconceito com o que você não conhece, tem um momento que a Rosemary questiona os hábitos de Sissix, ela diz mentalmente o que conhece sobre a espécie da amiga e a acha promíscua, porém na mesma hora se corrige e diz que na verdade ela não é, apenas a cultura que é diferente na concepção dos humanos que geralmente são mais reservados quando se trata de sexo.

A autora é filha de cientistas espaciais, o que colaborou muito para criar essa história tão rica em detalhes e tão grandiosa. Não vejo a hora de ler o segundo livro que, apesar de não ser exatamente continuação desse, vai acompanhar a história de uma personagem muito querida que aparece neste primeiro.

"Valioso não era o mesmo que insubstituível." "O simples fato de usarmos a expressão "sangue-frio" para denominar alguém pouco emotivo mostra o nosso preconceito inato de primata em relação aos répteis. Não julguem outras espécies pelas suas próprias normas sociais." "Sou o produto final de pessoas estúpidas e bem-intecionadas que acharam que redefinir a humanidade era uma ótima ideia. Não começou de forma grande. Uma mudança aqui, um ajustezinho ali. Mas foi crescendo, como sempre acontece, até virar algo completamente ensandecido." "Os humanos não sabem lidar com a guerra. Tudo que sei sobre a nossa história mostra que a guerra desperta o que há de pior em nós." "Nunca pensei em medo como algo que possa simplesmente desaparecer. Ele está lá, só isso. O medo me lembra de que eu quero continuar viva. Não me parece algo ruim." "Sabe, minha melhor amiga da galáxia inteira está em outra nave, dentro de uma parede, desarmando explosivos caseiros. Está escuro lá, seus dedos devem estar doendo a essa altura, depois de cortar tantos fiozinhos, e estou me cagando de medo de que algo dê errado, porque não sei o que faria sem ela. E não posso ajudar. Não tem nada que eu possa fazer. Nada mesmo. Sei que ela é a pessoa mais indicada para cuidar disso e que ela não precisa da minha ajuda. Mas, ao mesmo tempo, ela está enfrentando algo perigoso e estou de mãos atadas. Quero fazer alguma coisa e estou ficando maluco por não poder." "Pare de tentar não sentir medo. Eu estou com medo, Sissix está com medo, Ashby está com medo. E isso é bom. Estar com medo significa que a gente quer continuar vivo."

"Você é a única coisa que faz sentido."


"Então, Ohan, você terá que me perdoar, mas essa tripulação não vai perder mais ninguém. Hoje não." "Se for o caso, vou lidar com as consequências. Não me importo mais. Não depois de passar alguns dias pensando em como seria o meu mundo sem você nele. Estou cansada de ficar me perguntando qual de nós vai morrer primeiro por aí. Nós dois merecemos algo melhor." "Irmãos nunca vão embora. É para o resto da vida. Eu sei que casamento também deveria ser para o resto da vida, mas nem sempre é. Não dá para se livrar de um irmão. Eles entendem você e os seus gostos e não ligam com quem você dorme ou para os erros que comete, porque irmãos não se misturam com essa parte da sua vida. Eles veem você nos seus piores momentos e não ligam. E mesmo quando vocês brigam, também não importa muito, porque eles ainda dão oi no seu aniversário e aí todo mundo já esqueceu a briga e vocês comem bolo juntos."



Jhenifer Souza

 
 
 

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