A cantiga dos pássaros e das serpentes
- Jhenifer Souza
- 23 de jul. de 2020
- 3 min de leitura

"Ser um herói em casa tinha suas limitações; ele precisava de uma plateia maior." A cantiga dos pássaros e das serpentes (eu só consigo falar catinga, perdão) nos traz um Coriolanus Snow muito jovem, se formando na escola e prestes a ir pra universidade e com muitas ambições. A história se passa 64 anos antes do primeiro livro da trilogia Jogos Vorazes, mais especificamente na época da 10a edição dos jogos, onde tudo era muito diferente do que conhecíamos até então. Pela primeira vez os tributos não serão somente trazidos dos distritos e jogados dentro de uma arena apenas com armas, eles terão mentores (os jovens da capital que estão se formando) e poderão receber alimentos e bebidas feitas através de doações por quem torce por eles. Desde o princípio, o livro já nos mostra que é extremamente diferente da trilogia original, afinal vemos a perspectiva do vilão ainda em formação, o livro também é mais lento e mais reflexivo, as cenas de ação são mais espaçadas e trazem uma crítica direcionada às pessoas que se envolvem somente com as cenas de arena, se esquecendo de todo o contexto e problemas da sociedade de Panem. A história é narrada em terceira pessoa e dividida em três partes, sendo a primeira mais introdutória a respeito da vida na capital e da família Snow. Coriolanus se mostra uma pessoa desprezível desde a primeira página, com comentários odiosos sobre as pessoas dos distritos e sobre os pobres. A segunda parte fala mais sobre os momentos na arena e a terceira é quase como se fosse um outro livro de tão diferente que é do restante, mas é a parte em que explica tudo o que é necessário e ainda dá ótimas indicações do motivo pelo qual ele detestou tanto a Katniss e sua personalidade anos depois. Vi algumas pessoas reclamando que o livro tem muito fan service, mas eu não vi dessa maneira, acredito que foi para que tivéssemos realmente todo o contexto e, novamente, para que entendêssemos tudo o que vem a ser a trilogia e pequenos detalhes que, até então, não tinham sua profundidade. Não é segredo para ninguém que este era o lançamento desse ano que eu estava mais ansiosa para ler e acabou sendo uma leitura que eu não sabia se dava 4,5 estrelas pela genialidade da Suzanne Collins ou se dava 2 estrelas pelos momentos que eu quis tacar o livro na parede de tanto nojo do Snow e de seus pensamentos infames. Quase não falei dos personagens dessa história, mas preciso enaltecer o Sejanus que foi o personagem que mais gostei e queria acompanhar mais 600 páginas só dele e das lutas internas que ele tem. Gostei muito da Lysistrata e do Festus também. Alguns dos cidadãos da capital, de fato, não são tão horríveis como pensávamos, porém muitos deles, apesar de não concordarem, sequer questionam as atrocidades que a capital faz. Quando foi divulgado que teria um novo livro do universo de Jogos Vorazes, comentei que não o achava necessário, no entanto, agora que o li, percebo que não teria paz sem essas informações maravilhosas e muitas vezes inquietantes que a autora abordou nele. É um livro que assim que o termina dá vontade de começar a reler a trilogia no mesmo instante com essa nova perspectiva. É realmente impressionante o que a Suzanne faz com seu universo e o quanto ela tem controle dele.
"Nada que você possa tirar de mim merecia ser guardado."
"Todo mundo sabia o que acontecia quando se ia para os distritos. Você era apagado. Esquecido. Aos olhos da capital, você estava basicamente morto."
"A morte do pai aconteceu logo depois da morte da mãe, mas foi uma perda que não deixou o mundo vazio da mesma forma. (...) Nunca deixava de acalmá-lo com a lembrança de como era ser amado daquele jeito."
"Pode ser mais fácil, mas vai continuar não sendo certo."
"Suas emoções estão à flor da pele. Eu entendo. De verdade. Mas vocês precisam aprender a controlá-las e contê-las. Guerras são vencidas com cabeças, não com corações."
"E fui eu que você deixou ver quando chorou.
Conheço a alma que você luta pra salvar.
Pena que sou a aposta que a colheita lhe tirou.
O que você vai fazer quando a morte me levar?"
"Você me encontrou - disse ela.
No Distrito 12? Em Panem? No mundo? Não importava."
"Acho que a confiança é mais importante do que amor. Digo, eu amo várias coisas em que não confio. Tempestades... bebida... serpentes. Às vezes, acho que amo essas coisas porque não posso confiar nelas. Não é confuso?"
"Não deixa ele chegar perto do Sejanus. O Sejanus é um doce, e Billy Taupe se alimenta de coisas doces."
Jhenifer Souza
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